quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Icterícia neonatal: como identificar e tratar

 



Quando um bebê nasce, pais e mães ficam atentos a todos os detalhes. Se a criança começa a apresentar tom de pele amarelo-alaranjado em diferentes partes do corpo, o sinal de alerta acende.  


Esse é um indicativo de que a criança pode estar com icterícia neonatal. É uma doença comum entre recém-nascidos e que precisa ser diagnosticada e controlada, pois geralmente, regride sem tratamento.  


A alteração é causada pelo aumento da bilirrubina no plasma sanguíneo. O pigmento amarelo é fabricado pelo organismo quando as células vermelhas, as hemácias, se rompem. Ele vai direto para o fígado, onde pode ser encontrado na bile.  


Popularmente chamada de “amarelão”, a doença pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, inclusive como sintoma de anemia, câncer, cirrose, doenças hepáticas, infecciosas, da obstrução e do mal funcionamento do fígado. No entanto, costuma ser mais comum em bebês porque as funções hepáticas ainda estão imaturas para lidar com o aumento da quantidade de bilirrubina no sangue.  


Causas e sintomas  


O aumento do pigmento pode ser causado pela incompatibilidade de sangue entre mãe e bebê. Quando a gestante tem sangue Rh- e a criança filho, Rh+, pode ocorrer uma grande e rápida destruição dos glóbulos vermelhos. O fígado não consegue eliminar a substância que vai para a corrente sanguínea, por onde atinge diferentes órgãos.  


A doença ainda pode ocorrer se a criança nascer com excesso de hemoglobina, se sofrer algum trauma com formação de hematomas pelo corpo ou se houver a demora na ligadura do cordão umbilical.  


Além disso, hepatologistas apontam que a dificuldade de amamentação também pode desencadear icterícia. O leite materno possui substâncias que ajudam no processamento da bilirrubina. Bebês que não mamam adequadamente podem apresentar icterícia. Neste caso, assim que estabelecimento da lactação estiver pleno, o problema é resolvido. Crianças prematuras também podem ser atingidas, geralmente por formas mais intensas e prolongadas. 


Em recém-nascidos, a icterícia ocorre na primeira semana de vida, geralmente a partir do terceiro dia e perdura por dez dias. Se aparecer antes, pode indicar problemas mais sérios no fígado. Se aparecer mais tarde, o pediatra pode investigar se a causa é congênita ou envolve infecção urinária e problemas gastrintestinais.  


O sintoma mais característico é a cor amarelada da pele, das mucosas e da região do branco dos olhos. Também causa coceira, febre ou calafrio e cansaço extremo.   


Diagnóstico  


Estudos indicam que a icterícia neonatal pode ocorrer em cerca de 60% dos recém-nascidos. A doença não costuma representar grandes riscos, desde que seja detectada para que as medidas necessárias sejam adotadas com presteza.  


Para diagnosticar a icterícia, o pediatra pressiona com o dedo a testa, o nariz e o tórax do bebê. Ao removê-lo, verifica se a pele ficou branca ou amarela. Geralmente, o distúrbio surge na cabeça e desce até os pés – e desaparece no sentido contrário.  


Quando esse tipo de investigação não é suficiente, é necessário medir com exatidão o nível de bilirrubina total, que é feito por um exame de sangue. Nos recém-nascidos, a coleta da amostra é feita no calcanhar.  


Há a opção da medição com bilirrubinômetro cutâneo, equipamento que é posicionado na testa da criança e faz a leitura de bilirrubina sem precisar dispor de uma amostra sanguínea. No entanto, este teste não é tão preciso quanto o exame de sangue.  


A quantidade considerada inofensiva de pigmento varia. Os especialistas consideram a idade gestacional e o peso do bebê. Após avaliar os dados, o pediatra consegue determinar o tratamento adequado, seja acompanhamento ou medidas para conter o avanço da doença.  


Se a quantidade de bilirrubina for excepcionalmente alta, há risco de afetar o sistema nervoso central, causando encefalopatia, lesão que pode levar à paralisia cerebral.  


Tratamento  


Se o diagnóstico apontar que a icterícia não vai desaparecer espontaneamente, a recomendação é de um ou dois dias de fototerapia, conforme a necessidade. A criança é colocada em um aparelho com várias lâmpadas específicas. A luz ajuda a diluir o pigmento, o que facilita sua eliminação.  


Nem sempre é necessário ficar no hospital. Se a criança for liberada para acompanhamento em casa, a rotina de amamentação deve ser mantida e a família deve estar em contato com o médico e atenta a qualquer mudança.  


O cuidado e o monitoramento das crianças diagnosticadas são necessários porque além da encefalopatia, pode haver complicações, como a anemia falciforme.  


Superada a icterícia, o ideal é prestar atenção à coloração da pele do bebê e fazer consultas e exames de rotina para verificar a dosagem da bilirrubina. Outra dica é expor o bebê ao sol por cinco minutos ao dia, no período da manhã ou no fim da tarde, pois raios solares ajudam a dissolver o pigmento.

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