Uma das maiores expectativas dos pais em relação aos seus filhos é quanto ao aprendizado da linguagem falada; quando nos primeiros anos, a criança começa a desenvolver a comunicação oral. É unânime. Todos os pais almejam ver seus filhos balbuciarem as primeiras palavras.
Um assunto importantíssimo, motivo de consulta com pediatras, fonoaudiólogos, e principalmente com neurologistas infantis, é sobre o atraso de fala.
Quando falamos em atraso de fala, precisamos ver se de fato se trata de um atraso de fala ou um desvio da fala.
Para esclarecer melhor esse assunto, a Neurologista Infantil e responsável pela Clínica Neurocenterkids, em São Paulo, Dra. Gladys Arnez, também especialista no tratamento do autismo, vai nos explicar a diferença entre Atraso de Fala e Desvio de Fala, causas dos principais motivos que estão relacionados com o atraso de fala nessas crianças.
“Atraso da Fala é quando a criança não atinge a quantidade e a qualidade de palavras esperada para a idade que a criança tem. Isso pode acontecer por diversos motivos, que vão desde uma falha na audição, passando por alterações do neurodesenvolvimento, como as deficiências intelectuais e o próprio autismo.
O desvio da Fala seria a fala disfuncional, aquela fala que não dá para compreender o que a criança está querendo dizer. Outras causas também envolvem os distúrbios específicos de linguagem ou apraxia da fala, que acontece quando a criança sabe o que quer dizer, mas seu cérebro falha ao planejar a sequência de movimentos para produzir os sons.
“A Ecolalia pode ser um sinal de autismo, e é um distúrbio de desenvolvimento de fala e linguagem; é quando a criança repete o que ela mesma fala ou o que o interlocutor fala, seja a mãe, o pai ou alguém da família, que convive com a criança. Por exemplo, quando alguém fala a palavra “água”, a criança repete “água”, como um eco. A criança pode repetir qualquer coisa que ela ouvir, ela pode também ficar repetindo uma única palavra o tempo todo”, diz a Dra. Gladys Arnez.
E não podemos esquecer, principalmente hoje em dia de falar dos malefícios causados não só para a fala, mas no desenvolvimento geral da criança, que é a exposição excessiva à telas eletrônicas associada a falta de estimulação, principalmente para os menores de 2 anos de idade.
É bastante comum mães chegarem ao consultório muito preocupadas com estes sinais, perguntando: “meu filho é autista?” Mas não dá para saber de imediato se a criança é um autista, explica a Dra Gladys Arnez.
O caso precisa ser avaliado por um neurologista, junto com um fonoaudiólogo e uma equipe interdisciplinar, porque é preciso fazer uma avaliação minuciosa. É necessária uma investigação completa, para se fazer um plano de intervenção para essa criança. E quanto antes melhor.
Voltando a falar sobre a fala, a especialista orienta: “-Não acredite quando alguém comentar que seu filho é preguiçoso e por isso não fala, ou que toda criança tem o tempo certo para falar, não acredite nessas inverdades.
Com um ano de vida a criança já consegue falar duas ou três palavras além de “mamãe” e “papai”. Com um ano e seis meses ela já consegue falar mais de dez palavras além de nomes de pessoas. Com dois anos, a criança já tem um vocabulário com mais de cinquenta palavras; ela consegue formar frases com duas ou três palavras. Com três anos ela já superou todas essas etapas. Com quatro, essa criança já deve falar muito bem. Quanto mais rápido você procura ajuda para o seu filho, a vida dele será melhor, porque ele conseguirá desenvolver aquilo que está precisando”
A Dra. Gladys Arnez recomenda: “Como neurologista, falando como médica, a gente precisar pensar nos dois grupos de causadores desse atraso; pode ser uma causa neurológica, de fato, ou pode ser uma causa ambiental”.
Falando de causa neurológica, temos os transtornos de desenvolvimento, por exemplo, 40% das crianças com TDAH podem ter um atraso de fala. Transtornos cognitivos como deficiência intelectual, pode ter um atraso de fala. Às vezes a criança tem uma lesão estrutural por isso é necessária uma investigação por parte do neurologista, para saber se a criança tem uma lesão ou uma disfunção neurológica.
Em se tratando de causas ambientais, precisamos pensar na prematuridade, no pré-natal; se foi bem feito ou se teve alguma intercorrência no período do pré-natal, no parto; se a mãe teve um trabalho de parto prolongado, se a criança teve asfixia, se faltou oxigênio no cérebro do bebê. Se houve causas infecciosas no período neonatal; meningite, toxoplasmose, herpes. Pode haver muitas causas infecciosas durante o neonatal que não foram diagnosticadas ou que não foram bem tratadas – explica a médica, que aconselha aos pais, que procurem por um profissional, um Neurologista Infantil, para investigar o que está acontecendo e que as medidas necessárias devem ser tomadas.
Créditos:
Dra. Gladys Arnez é médica Pediatra e Neurologista Infantil e da Adolescência, especialista em Transtornos Escolares e Comportamentais, mestranda em Neurociências com ênfase no Tratamento do autismo e está à frente da Clínica Neurocenterkids, em São Paulo.
www.clinicaneurocenterkids.com.br
Instagram: @clinica_neurocenterkids
Canal Youtube e vídeo relacionado: https://www.youtube.com/watch?v=gT_zv74WK7g&t=25s
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