quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Pais: chegou o verão, e agora?

Especialista do Einstein esclarece principais dúvidas dos pais sobre os cuidados com as crianças durante a estação mais quente do ano



 – Sabe-se que, com a chegada do verão, surgem diversas dúvidas sobre como cuidar das crianças. Sejam elas quais são as doenças e alergias mais comuns que aparecem com o calor, a melhor maneira para proteger a criança do sol, a forma correta de preparar a alimentação ou uma daquelas que são tabus para todo mundo: pode ou não deixar o filho entrar na piscina após ter se alimentado. Para esclarecer estas questões e outras, o pediatra Victor Nudelman, da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, responde abaixo:



1.   Quais são as principais doenças e infecções em crianças que surgem com a chegada do verão?

Há algum tempo, entendia-se que, no verão, apareciam as doenças relacionadas ao trato gastrointestinal e as consequências como diarreia e vômito, surgindo por causa da má conservação dos alimentos, do uso de água não tratada e por haver contato com piscina e mar contaminados. Hoje em dia, porém, com o aumento na frequência de viagens, até mesmo com acesso a diversos locais do mundo, pode-se observar que essa diferença de doenças respiratórias no inverno e gastrointestinais no verão diminui cada vez mais, pois notam-se casos de vírus do trato respiratório e de gripe no verão, assim como de diarreia no inverno. As doenças mais frequentes do verão ainda são gastroenterocolites, que dão diarreias e vômitos, e mais recentemente casos de doenças respiratórias também estão aparecendo no verão. Outras doenças que podem aparecer no verão são infecções de pele, que podem aparecer por contaminações de picadas de insetos.



2.   As alergias no verão aumentam?

Sim. Aumentam as alergias de pele, como as de picadas de inseto e dermatite atópica, e diminuem as respiratórias, como as bronquites. Como alívio na pele dos casos de dermatite atópica, recomenda-se tomar duchas frias ou mornas e rápidas, pois a água quente pode ressecar ainda mais a pele, piorando o quadro alérgico na área afetada; usar sabonetes que mantenham a hidratação da pele.



3.   Por que algumas crianças ficam com bolinhas vermelhas nas regiões que mais suam? O que deve ser feito nestes casos?

O suor faz com que a criança perca a camada de hidratante natural da pele, deixando-a mais suscetível à irritação do calor pela pouca capacidade de poder esfriar o local de maneira adequada. Para amenizar isso, o ideal é utilizar mais cremes hidratantes para pele, ficar em ambientes mais frescos e se hidratar bastante com a ingestão de líquidos.



4.   Quais são os sintomas de desidratação?

Os principais sintomas de desidratação são a diminuição na produção de urina, boca seca e pele frouxa, com menos elasticidade, como se fosse uma ameixa seca. No caso das crianças, elas ficam mais prostradas, quentes, com muita sede e apresentam sinais da perda de líquido, como diarreia e vômitos.



5.   Em dias muito quentes, como deve ser a alimentação?

O ideal é consumir refeições leves e de fácil digestão, além de ingerir líquidos constantemente. Em dias mais quentes, é preciso também ter bastante cuidado com a preservação dos alimentos, lavá-los com água corrente e limpa, conservá-los em geladeira e locais refrigerados, não deixar expirar o prazo de validade e tomar cuidado ao descongelar. É importante ter cuidado com o uso de gelo, porque muitas vezes ele pode ser feito com água não tratada.



6.   Muitos pais não permitem que as crianças entrem na piscina após as refeições. Qual a sua opinião sobre isso? Há realmente riscos?

Não há problema. Pode deixá-las ir tranquilamente, pois não existe uma situação de “congestão” como se diz em lendas urbanas. Basta não exagerar na dose de comida para as crianças, porque, quando elas estão na piscina, há o risco de beberem água e acabarem vomitando se a quantidade de alimentos ingerida tiver sido muito alta.



7.   É verdade que o protetor solar com fatores acima de 50 não protegem mais que o de 30? A diferença é apenas na duração?

Mais importante do que o fator de proteção solar acima de 50, é a composição do produto. O ideal é que contenha, na fórmula, óxido de Zinco e dióxido de Titânio e evitar produtos com benzofenona e octocrileno. Outro ponto a não se descuidar é a reaplicação a cada duas horas, além da atenção especial caso a criança transpire demais ou fique muito tempo dentro da água do mar ou piscina. De todo modo, o ideal é evitar a exposição direta ao sol pois a pele da criança é muito fina.



8.   Além de protetor solar, são recomendados óculos com proteção UV, chapéu e roupas com bloqueador para elas?

Sim, todos são acessórios essenciais para a proteção da criança, principalmente, as roupas de bloqueador de raios ultravioleta que é, hoje em dia, a proteção mais alta que a criança tem contra o sol. Se ela utilizar a roupa, é necessário apenas o uso de protetor nas partes expostas, como pé, mão e rosto.



9.   Há riscos em deixar a criança tomar “banho de chuva”?

O maior cuidado durante chuvas no verão é proteger-se dos raios, evitando áreas abertas e com árvores. Em um ambiente seguro, como em casa, pode deixar, mas é importante ter atenção para evitar poças, goteiras ou bueiros, locais com pouca higiene em virtude do risco de doenças, como a leptospirose.



10.   O que fazer quando a criança:



a)   Tiver insolação?

O ideal é deixá-la em uma área bem arejada, com frequente ingestão de líquido e banho em água morna. Importante não dar antitérmico, porque a criança precisa perder calor. Leite de Magnésio não é indicado como muitas pessoas acreditam e a única coisa que pode aliviar um pouco é a realização de compressas úmidas. Se houver bolhas, deve-se procurar um médico.



b)   For queimada por uma água viva?

Fazer uma solução à base de vinagre branco (mistura de água com vinagre) e passar na área queimada.



c)   Leva diversas picadas?

Neste caso, o ideal é levá-la ao pediatra que indicará uma pomada para a alergia e um antialérgico, mas, de primeiro socorro, realizar compressas frias com gelo ajuda a aliviar a coceira.



d)   Engolir água do mar ou piscina?

É fundamental orientar a criança para não mergulhar a cabeça toda hora sem respirar apropriadamente, porque engolir muita água da piscina pode levar à hiponatremia, uma condição de intoxicação por água. Se isso ocorrer, a criança vai dormir bastante e fazer muito xixi, sendo necessário aguardar a perda do líquido em excesso. Se notar a criança muito sonolenta e fraca, é importante buscar atendimento médico.



e)   Estiver com água no ouvido?

Colocar uma gota de álcool 70 graus no ouvido da criança para evaporar a água e, depois, virar a cabeça de lado para sair o excesso de álcool que possa ter ficado no ouvido. Até mesmo o calor pode ajudar nestes casos, que faz a água evaporar naturalmente.



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