quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Coletivo Quizumba comemora 10 anos com estreia da fábula teatral Pequena história para um tempo sem memória no Sesc Pompeia

Após um pássaro agourento espalhar para longe as memórias dos moradores de uma vila, duas crianças viajam no tempo e se deparam com realidades nada agradáveis a fim de salvarem seus conterrâneos do total esquecimento. Peça inédita do Coletivo Quizumba têm musicais originais executadas ao vivo.



No ano em que comemora dez anos de atividades, o Coletivo Quizumba estreia o quarto espetáculo do seu repertório,pequena história para um tempo sem memória. Com o objetivo de criar peças para crianças e jovens com discussões sociais e políticas relevantes na contemporaneidade, o grupo elegeu para este trabalho temas como o período pós-abolicionista brasileiro, em que milhares de pessoas negras foram libertas da escravidão sem nenhum tipo de respaldo para se estabilizarem socialmente, e também a especulação imobiliária, uma das responsáveis por acentuar desigualdades sociais no país. A temporada começa no feriado do dia 7 de setembro, sexta-feira, ao meio-dia, e cumpre temporada sempre aos sábados e feriados, meio-dia, no teatro do Sesc Pompeia.

A peça se inicia com a chegada de um grande Marabu (ave africana carnívora que pode chegar a mais de um metro de altura) a uma vila. Cheio de segundas intenções, ele pede abrigo na cidade, que se recusa a acolhê-lo. Cansado de negociar com os cidadãos, o Marabu rouba a árvore do tempo que protege o local e, num bater de asas muito forte, faz uma ventania que varre as memórias das cabeças das pessoas, com exceção das memórias dos irmãos Muriquim e Dandará, que estavam escondidos dentro do tambor encantado da Dona Vó.

As crianças então conhecem Uxê, uma entidade que tem o poder de voltar no tempo e que levará as crianças em uma jornada capaz de devolver a memória de toda população. Na primeira viagem, os três vão parar no dia 14 de maio de 1888, apenas um dia depois da abolição da escravatura no Brasil. Lá se deparam com uma realidade bem diferente da que consta nos livros, pois a população negra, ainda que livre, não contava com nenhum tipo de suporte da sociedade para conquistar empregos e estabilidade social, entre outros direitos humanitários básicos.

Escravo já não sou, valei-me nossa senhora / Me diz onde é que eu vou / O que é que eu faço agora / Dia 13 de maio acabou a escravidão / Deixamos a senzala / O navio e o porão / Disseram que agora / Raiou o sol da liberdade /  Esqueceram de avisar que o negro / não é bem-vindo na cidade / Escravo já não sou, valei-me nossa senhora / Me diz onde é que eu vou /O que é que eu faço agora – Trecho de canção do espetáculo

Enquanto isso, na vila, o grande Marabu começa a implementar seu verdadeiro plano, que é encher a cidade de prédios e empreendimentos imobiliários, como oMarabus Village Garden Hill e o Marabu Center Plaza. A ave usa a seu favor um grande conhecimento de recursos tecnológicos e grava vídeos e lives para seus seguidores nas redes sociais.

Em outro momento da jornada de Uxê, Dandará e Muriquim, os três vão parar em uma região de São Paulo no início do século XX, onde milhares de famílias estavam sendo despejadas de suas moradias em nome da modernização da cidade.

Serviço
Pequena História Para Um Tempo sem Memória
Temporada: De 7 de setembro a 27 de outubro. Sábados e feriados, ao meio-dia.Local: Teatro do Sesc Pompeia (R. Clélia, 93 - Pompeia, São Paulo - SP, 05042-000).Capacidade: 387 pessoas. Classificação: Livre. Duração: 60 minutos. Ingressos: R$ 17 (inteira), R$ 8,50 (meia) e R$ 5 (credencial pena).



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